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Paulo Freire nunca foi tão necessário

Atualizado: 16 de jul. de 2019


Entre os dias 15 e 21 de setembro desse ano o Cariri cearense será palco da 6ª Semana Freiriana do Cariri, uma iniciativa da Escola de Políticas Públicas e Cidadania Ativa [EPUCA], uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, com sede na cidade do Crato.

O evento se realizará no contexto das ameaças a direitos humanos fundamentais e à própria vida, em curso no Brasil e em outras partes do mundo, movidas por uma cultura de ódio, intolerância e negação do outro que tem pautado a jornada humana nesse planeta nos últimos tempos.

No Brasil, orientações recentes do Ministério da Educação e declarações do atual titular da pasta apontam na direção de retrocessos que podem comprometer seriamente conquistas importantes nas Políticas Públicas de Educação, além de representarem o tolhimento de direitos individuais e coletivos de educadores e educandos, devendo somar-se a isso, ameaças escancaradas à liberdade de cátedra prevista no artigo 206 da Constituição de 1988. O texto constitucional estabelece que o ensino será ministrado com base no princípio da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, assegurado o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas.

Paulo Freire, uma das maiores expressões da educação em todo o mundo e patrono da Educação no Brasil desde o dia 13 de abril de 2012 [Lei 12.612/2012], passou a ser tratado pelo atual governo como inimigo público número 1, em que pese a valiosa contribuição do educador pernambucano para a educação do nosso país e, sobretudo, para a alfabetização de adultos.

Ademais, para além das temáticas diretamente relacionadas ao ensino e às práticas pedagógicas, a Semana Freiriana do Cariri tem se revelado um espaço privilegiado para o diálogo e a reflexão sobre questões éticas e sobre a urgência de um novo paradigma, já em construção, centrado na vida e numa perspectiva ecológica profunda.

Vivemos o vazio deixado pelo apodrecimento do velho paradigma - que já não nos serve, não por ser velho, mas por negar violentamente a vida humana e não humana – e o parto inconcluso de um novo paradigma, em andamento, que nos permitirá vencer o medo e reaprender a amar. Em outras palavras, vivemos tempos de desesperança e medo.

Como nos lembra o educador Joelmir Pinho, em artigo publicado recentemente em seu blog, diferente do que nos ensinaram, o contrário do amor não é o ódio, mas o medo. "O ódio é, tão somente, reflexo, decorrência do medo. A questão central aqui é: chegamos a um nível tal de adoecimento [individual e coletivo] e de imperativo da cultura do medo, que nosso maior desafio no século XXI passou a ser reaprender a amar".

E ele segue, lembrando que "para que o amor floresça e seus frutos possam ser colhidos pela espécie humana e por toda biosfera, precisamos vencer a matriz cultural do medo, tão fortemente arraigada em cada um de nós e nas nossas falidas estruturas institucionais". Precisamos encerrar o ciclo vicioso de ódio, indiferença e intolerância, propagado à exaustão nos últimos tempos, que tem nos aprisionado, durante séculos, a padrões vibracionais adoecidos, a comportamentos que rejeitam a diferença, ignoram a diversidade, negam a vida e ameaçam a continuidade da espécie humana e a unidade cosmológica essencial à regeneração da vitalidade da Terra, tão seriamente comprometida pela nossa cultura de medo e desamor. Pela nossa ausência de cuidado e nossa irresponsável arrogância antropocêntrica, destaca Joelmir Pinho.

Nesse sentido, refletir sobre educação a partir do cuidado, da amorosidade e da inquietude de Paulo Freire é tarefa urgente e inadiável. Como nos ensina o educador português José Pacheco [Escola da Ponte], um dos convidados da sexta edição da Semana Freiriana do Cariri, tão importante quanto denunciar, é anunciar. Como costumamos dizer em relação à Semana Freiriana do Cariri, é preciso seguir gerando desconforto de forma amorosa. E isso temos visto acontecer deste a primeira edição do evento, em 2011. Apenas para registro, José Pacheco participou da segunda edição da Semana Freiriana do Cariri, em 2012.

Além de José Pacheco, a #SFC2019 contará as presenças do professor, teólogo e ator Henrique Vieira, do artista e pensador Eduardo Marinho, da jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum e da psicóloga e militante dos Direitos Humanos Ana Vládia Holanda.

Que venha, pois, a 6ª Semana Freiriana do Cariri. Gostaríamos muito de contar com sua participação nessa encantadora e desafiante jornada., a começar por sua adesão à nossa campanha financiamento coletivo, disponível no site benfeitoria.com/epuca.

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